Sword Art Online Alicization Dividing em Português – Underworld – Capítulo 11 – Parte 1.2

Arco: Alicization –Dividing

Capítulo 11

Sword Art Online Alicization - Alice Schuberg - Dividing- Vol.13

[SYSTEM ALERT]

Mal respirava enquanto escutava apreensivo as palavras de Alice.

Os Integrity Knight, com suas memórias seladas e um dispositivo inserido diretamente em seus Fluctlight, eram obrigados a terem uma lealdade absoluta à Igreja Axiom e à Administrator.

A realidade era que não importava o quanto Eugeo e eu tentássemos persuadi-los, nenhum deles conseguiria expressar em palavras as suas dúvidas abertamente. Pelo menos vem sendo assim até agora.

Ciente disso, realmente foi um choque ver que Alice podia falar sinceramente dessa forma. Será que essa garota tinha outro tipo de Fluctlight, diferente dos demais? Fiquei sem reação, apenas a observei continuar falando baixinho, segurando suas pernas.

“Apesar de tudo isso, é certo que o objetivo principal da grande e estimada Alto Ministro ao criar os Integrity Knight, é para que possamos defender esse mundo da invasão do Dark Territory. Pois até mesmo agora, existem dez de nós lutando bravamente nos limites do Mundo Humano contra as forças da escuridão.

Se não existíssemos, as criaturas de lá já poderiam ter dominado tudo por aqui.”

“Bem, isso…”

“…Não é bem verdade…”

Pensei.

Os recursos para o crescimento bélico foram monopolizados pelos Integrity Knight por incontáveis anos, ou em outras palavras, os pontos de experiência desse mundo estavam destinados originalmente para todos os habitantes, independente de suas posições sociais. Exatamente como Eugeo e eu fizemos na caverna do norte. Os seres daqui deviam ter se armado, buscado o caminho da espada por suas próprias vontades e lutado contra os goblins e orcs invasores, se tornando cada vez mais fortes. Porém, a Administrator havia roubado esse potencial.

Mas se eu falasse isso agora, provavelmente seria demais para sua mente nesse momento.

Então, se voltando para mim, perdida em pensamentos, Alice disse:

“Você falou que o povoado onde nasci e cresci, Rulid… onde meu pai, mãe e irmã vivem, se encontra na fronteira no extremo norte da borda da cordilheira, não é? Em outras palavras, será o primeiro local a ser devastado quando a invasão do Dark Territory começar.

Me diga, quem irá defender todas essas regiões remotas, incluindo Rulid, se vocês dois conseguirem derrotar todos os Integrity Knight e finalmente derrubar a grande Alto Ministro? Não me diga que planeja destruir as forças da escuridão sozinhos?”

As lágrimas em seus olhos ainda não haviam secado, porém, a voz de Alice já tinha retornado a sua habitual força, de maneira que não consegui dar uma resposta imediata.

Em comparação à sua incrível determinação de proteger o Mundo Humano, eu mal tinha forças para resistir e manter tudo em segredo.

Porém, suportando o impulso de revelar tudo relativo a esse mundo ser uma grande simulação em realidade virtual, abri minha boca.

“Antes de responder sua pergunta, farei outro questionamento…

Você realmente acredita que a ordem dos Integrity Knight, totalmente preparados e equipados para uma invasão, podem repelir um ataque combinado das forças do Dark Territory sem o menor esforço e risco?”

“…!”

Alice não disse nada. Então, olhei para os céus e continuei falando enquanto recordava algo de dois anos atrás.

“Creio que já lhe disse que meu companheiro e eu havíamos lutado contra um pelotão de orcs que se destacaram do Dark Territory, não é? Inclusive entre eles, tinham alguns goblins, os seres mais fracos das forças da escuridão. E te digo, que mesmo eles, tinham uma força e habilidade brutal com a espada.

Creio que há muitos dessas criaturas espalhadas em seu próprio território, sem contar da elite que os comanda, os Dark Knight e usuários de artes de magia negra com seus subordinates, correto? Se todos esses seres atacassem em conjunto, mesmo que todos os Integrity Knight fossem para a batalha em exceção, com a Alto Ministro em sua retaguarda, há uma real chance de que vocês consigam defender completamente o território humano com um contingente tão reduzido quanto o de vocês?”

Noventa por cento dessa minha pergunta tinha sido feita originalmente pela própria Cardinal, portanto, sabia que era algo muito direto e difícil de responder imediatamente.

Alice mais uma vez prosseguiu em silêncio, apesar de dar ares de que concordava com o que eu estava querendo dizer. Pouco tempo depois respondeu com a voz angustiada.

“…Sim, entendo o que quer dizer… pois mesmo o mestre… o senhor comandante Bercouli, apresentou essa mesma preocupação. As tropas de elite do Dark Territory, que já somam dezenas de milhares, se todos se organizarem e marcharem através do Grande Portal do Leste, somente a ordem dos Integrity Knight provavelmente não seria capaz de combatê-los…

Ele disse ‘-Se nos derrotarem, não haverá mais ninguém nesse mundo com força suficiente proteger os inocentes!’…

Você mencionou àquela hora sobre os filhos dos nobres de classe alta que foram educados nos caminho da espada e artes sagradas, mas eles apenas perseguem a beleza de um único golpe, que dificilmente se sustentaria em uma batalha real.

No final, não há outra opção, a não ser que nós os Integrity Knight lutem com nossos poucos dragões voadores, confiando na proteção divida dos três deuses…

Entende agora a situação em que nos encontramos, não é?”

“É como ele disse… o cenário é que o Mundo Humano como está agora, provavelmente não tem um poder capaz de lutar contra as forças das trevas, além dos Integrity Knight.”

Respondi com cuidado enquanto continuava focando o olhar no horizonte.

“Mas essa situação só nasceu por causa dos desejos da Administrator. A Alto Ministro teme que um poder além de seu controle absoluto possa nascer nesse mundo. E esse é exatamente o motivo pelo qual reuniu os campeões dos torneios e os taxados como criminosos, selando suas recordações e convertendo-os em cavaleiros sagrados. Para dizer de outra maneira, a Administrator não confia em ninguém entre os seres humanos, ela sequer os considera.”

“…!”

Alice parecia pronta para de me xingar, mas só respirou fundo e não respondeu nada.

Rezei para que essas minhas palavras estivessem atingindo o coração da garota e então continuei.

“Se a Administrator realmente confiasse nos seres humanos, teria permitido que eles tivessem se armado, criando uma força comparável com a dos seres do Dark Territory a uma hora dessas. Porém, ela não o fez. Permitiu que apenas os nobres de alta classe tivessem acesso às habilidades com a espada, mas devido ao modo preguiçoso que vivem, essas habilidades de nada servem, pois não estão realmente preparados para uma guerra… salvo alguns poucos membros dessas famílias e uns camponeses, como Eugeo e eu…”

O incidente com Raios Antinous e Wanbell Zizek, ao qual trouxeram vergonha para Tiezé e Ronye, foi considerado um grande ato de violência, tinha acontecido dois dias atrás e havia deixando várias pessoas apavoradas. O que aconteceria com esse mundo, caso o experimento de carga, que não parou um segundo o seu avanço, iniciasse nesse exato momento? O mundo dos humanos seria exposto a um ataque combinado do Dark Territory e não teria nenhuma chance de se defender ou sequer conceber a ideia de pegar em armas e lutar.

“Mas… nem tudo está perdido. Ainda resta algum tempo até que as forças do Dark Territory se posicionem para uma invasão. E mesmo que infelizmente não seja possível mensurar quanto é esse tempo, se é um ano ou dois… talvez com um pouco de sorte e engajamento, possam montar um grande exército e -…“

“Tal coisa não será possível!”

Alice cortou imediatamente.

“Você mesmo acabou dizer, não é? Os nobres monopolizaram esse mundo, pegando para si os direitos dos cidadãos de treinar com espadas apenas para satisfazerem os seus desejos de ganância.

Pois acredito que mesmo que lhes sejam ordenados a pegarem em armas para uma guerra que esteja começando, as quatro famílias imperiais e os seus nobres de alta classe irão se preocupar apenas em salvar as próprias peles. Como até agora isso não ocorreu, é benéfico para eles manterem uma falsa obediência e colaboração para com a Igreja Axiom.”

“Entendo. E mesmo que eles fossem lutar, não têm o que é necessário para combater as forças do Dark Territory. Porém, como disse também, há muitos membros da alta nobreza que conservam consigo um grande orgulho de seus status, o que lhes concedem por sua vez um poder imenso eu talvez possa ser de muita ajuda, assim como nobres de classes mais baixas e cidadãos comuns com vontade de proteger suas famílias e seus povoados… e é claro, esse mundo.

Foi a isso que me referi a pouco. Se aquela quantidade absurda de armamento que estão armazenados nessa torre fosse repartida entre essas pessoas, juntamente com as orientações dos Integrity Knight, é possível que eles adquiriam um manejo real com as espadas e artes sagradas, construindo, dessa forma, um grande exército em mais ou menos um ano.”

“Gente… comum…?”

Assenti com a cabeça diante a pergunta surpresa de Alice.

“Exatamente. Creio que se os contratassem como voluntários, sem a obrigação de um alistamento, a probabilidade de conseguir um grande volume de membros em pouco tempo seria muito alta. Quero dizer, já existem um corpo militar em cada uma das cidades, não é? E se as coisas continuarem como estão, mesmo essas guardas espalhadas, sem uma coesão, não servirão de nada. Então, é melhor usá-las.”

“…Mas isso… a Alto Ministro… nunca aceitará…”

“Sim. De nada adiantaria tentar convencê-la de algo assim. Depois de tudo, um exército composto pelos habitantes desse mundo foi tudo que a Administrator sempre evitou que acontecesse. Uma força capaz de rivalizar ou ganhar do Dark Territory, pode muito bem se voltar contra seu reinado.

Por isso, para prosseguir com esse plano, será necessário depor a Administrator, acabando com seu reinado absolutista e usar o tempo restante para tentar construir um plano de defesa contra a invasão.”

Dizer algo assim para ela, me fazia sentir um grande cínico, porém, não podia dizer exatamente qual era o plano, o que me fazia lembrar de outra coisa…

A organização que criou Underworld e levou a cabo esse gigantesco experimento, o RATH, aparentemente parecia estar intimamente ligado à uma pessoa que eu conhecia bem, Kikuoka Seijirou, um membro ativo das Forças de Autodefesa do Japão. E se esse fosse o caso, não restavam dúvidas de que esse experimento estava relacionado com a segurança nacional do mundo real. Conseguia até imaginar que estavam tentando criar um Fluctlight capaz de controlar algum tipo de armamento. Realmente podia vê-los tentando usar as almas de Eugeo e Alice para esse fim.

E no momento em que pensava isso, uma pequena pergunta surgiu mesclada com o barulho do vento noturno.

“…Poderei encontrá-los?”

“Hã…?”

“Caso eu coopere com esse plano… e acabe recuperando minhas recordações, poderei reencontrá-los… poderei ver minha irmã Selka… novamente?”

Apertei os dentes antes de responder, quase os partindo.

Reencontrá-la não seria necessariamente um problema, mas…”

Tinha chegado a um beco sem saída, pois não podia dizer o que estava passando pela cabeça. Porém, definitivamente não podia dizer qualquer palavra descuidada nesse momento, não seria justo com ela. Então, aceitando a responsabilidade, assenti com a cabeça e disse:

“…Sim, você pode. Caso tenha em mãos um dragão voador, provavelmente em um dia de viagem você conseguirá chegar em Rulid sem problemas. Porém… antes disso, escute com muito cuidado o que lhe direi.”

Olhei fixamente para Alice, que estava sentada há mais ou menos um metro e meio de mim em minha direita e prossegui dizendo:

“No momento em que você a encontrá-la, será a sua personalidade original, não a atual você. Pois no instante em que recuperar suas memórias, voltará a ser Alice Schuberg, a simples garota camponesa antes de sofrer os efeitos do Synthesis Ritual, não mais a Integrity Knight Alice Synthesis Thirty, pois essa irá desaparecer completamente. Desaparecendo também todas suas recordações como uma guerreira sagrada…

Entendo que isso é cruel… mas tenha ciência que o seu ‘eu’ de agora é produto da manipulação e criação da Administrator.”

Os ombros de Alice sacudiram algumas vezes ao me ouvir.

Entretanto, dessa vez ela não chorou ou se desesperou. Ficou em silêncio por alguns instantes e depois falou com uma voz rouca, como se mal conseguisse conter suas emoções.

“…Desde o momento em que aceitei o fato dos Integrity Knight serem criações fictícias da estimada senhora… já estava preparada para algo assim. Essa máquina implacável de destruição que sou agora, roubou o corpo, mente e também o nome da verdadeira Alice Schuberg, habitando nele por seis longos anos… sem nenhum remorso… pelo menos até agora.”

Não encontrei nenhuma palavra para rebater essa afirmação, apenas fiquei observando-a.

Apesar de ter certeza que seu coração estava enfrentando uma tempestade de emoções, conseguia ainda manter um sorriso em seus lábios.

“O que foi roubado deve ser devolvido. Isso… deve ser o que Selka, meus pais, seu amigo… e você também, estão esperando, não é?”

“…Alice…”

“Eu… só tenho um pedido a fazer, somente um…”

“E o que seria…?”

“Antes que esse corpo volte a ser habitado pela sua personalidade original… será que poderia me levar até esse povoado chamado Rulid? Pode ser as escondidas… somente uma olhada já será suficiente. Quero ver como Selka se parece…, minha irmã e minha família também.

Se você puder atender esse meu pedido egoísta, ficarei eternamente em dívida.”

Ao terminar de falar, Alice ficou me olhando intensamente.

Nesse exato momento, a luz da lua finalmente havia surgido nos céus sem nenhum aviso, enviando um raio através das nuvens. Os olhos de Alice se suavizaram quando a claridade os atingiu. Estavam vermelhos e inchados de tanto chorar como uma criancinha. Então, sorriu uma vez mais, com a luminosidade fria filtrada entre as nuvens refletindo na superfície de sua armadura dourada.

Devolver as memórias de Alice…

Esse era o único e maior desejo de meu amigo Eugeo. Em outras palavras, ao ajudá-lo a chegar até aqui, tinha se tornado também o meu desejo.

Porém, fazer isso era o mesmo que decretar a morte dessa incrível Integrity Knight… não, dessa menina que está sofrendo enquanto abraça seus joelhos. Uma vítima de um dano colateral produzido por uma ordem arbitrária.

Infelizmente, esse era um caminho inevitável…

“Sim… eu prometo, eu juro que iremos lá juntos.”

Olhei para o céu noturno, assentindo com a cabeça.

“Definitivamente a levarei até Rulid antes que suas memórias sejam restauradas.”

“Certifique-se de cumprir essas palavras.”

Olhando para a garota, que me olhava com um semblante sereno, acenei fortemente com a cabeça em sinal de positivo, ao que a mulher cavaleiro respondeu apenas com uma breve inclinação antes de suspirar profundamente.

“Muito bem, estamos entendidos…

Então, a partir de agora, com o intuito de proteger os habitantes do Mundo Humano, eu Alice Synthesis Thirty, abandono minha missão como um Inte…gri..t-aah…!!”

A proclamação corajosa se converteu em um grito intenso de dor imediata.

Seu corpo coberto com aquela grossa armadura dourada se inclinou para trás com sua mão direita apertando sua também vista direita. Seu rosto foi se deformando em uma careta angustiante de dor.

O que poderia estar causando isso?

Apesar da surpresa inicial, logo lembrei da cena que tinha visto dois dias atrás.

No momento em que Eugeo cortou o segundo melhor espadachim em treinamento da academia, sua mão direita também foi levada ao seu olho, e segundo seu próprio relato, diante de sua vista, grandes letras sagradas desconhecidas surgiram, brilhante em vermelho intenso…

Esse mesmo fenômeno que atacou Eugeo, estava agora acontecendo com Alice.

Provavelmente era alguma espécie de bloqueio psicológico. E sua ativação se dava quando a pessoa se opunha à alguma regulamentação que estivesse gravada em sua própria alma.

Decidi que aquilo deveria parar o mais rápido possível.

“Não pense em nada!! Mude a linha de raciocínio agora!!!”

Gritei enquanto me aproximava de Alice, agarrando seus ombros, a sacudindo freneticamente, tentando tirá-la daquela situação.

“…!?”

Um dos olhos de Alice, que normalmente possuem a cor azul safira, estava tingido com uma luz vermelha piscante.

Ao ver aquilo, perdi o ar por alguns segundos. Procurei então chegar mais perto para determinar o que era aquela luz.

Atrás de sua íris perfeitamente circular do seu olho direito totalmente arregalado, haviam finas linhas vermelhas brilhantes, dispostas em um padrão radial que giravam em seu interior lentamente. Não tinham porém um padrão reconhecível. Era algo próximo a um código de barras.

Imaginei que esses bloqueios psicológicos das pessoas em Underworld tinham sido implantados pela Administrator desde o momento que Eugeo relatara o que tinha lhe acontecido. Porém, nesses dois anos em que estive aqui, jamais havia visto algo semelhante a códigos de barras nesse mundo.

Se não foi a Administrator que fez isso… quem mais poderia…?

Foi nesse momento em que pensava em um culpado, que o código de barras parou sua rotação e apareceu uma linha horizontal de símbolos sobre a pupila dilatada de Alice.

Essa linha horizontal logo se modificou em uma cadeia de caracteres, aumentando mais ainda seu brilho rubro. Caracteres que não os reconheci de imediato…

[TRELA METSYS]

Fiquei um pouco confuso sobre seu significado, porém, logo entendi o que era.

O texto que enxergava estava refletindo de maneira espelhada no olho de Alice. E assim que percebi isso, compreendi seu significado.

[SYSTEM ALERT]

“Alerta do sistema”.

Para mim, se tratava de uma familiar, porém, desagradável advertência que via vez ou outra enquanto estava utilizando um PC. Entretanto, essa frase deveria ser completamente sem sentido para um habitante de Underworld, como Alice.

Aqui, somente a língua comum era falada na vida cotidiana, ou seja, o japonês, enquanto que o inglês era considerada a língua sagrada por todos seus habitantes, que muitas vezes era recitada para encantos, sem fazerem de fato a menor ideia do que estavam dizendo.

Mesmo aqueles estudiosos das artes sagradas, capazes de entoar enormes sentenças em inglês a partir do comando principal, o system call, provavelmente não eram conscientes dos reais significados que todas as palavras possuíam.

Tinha ensinado algumas palavras para Eugeo, principalmente as que nomeavam as habilidades que continham os movimentos secretos do Estilo Aincrad, porém, ele sempre achou estranho eu deter conhecimento sobre a tal língua sagrada… Um fato curioso ele achar isso, já que sempre fui ruim em inglês no colégio, apesar de me forçar a aprender durante minha estadia em ALO.

Resumindo, esses caracteres, SYSTEM ALERT, tinham sentido apenas para as pessoas do mundo real. Em outras palavras, quem introduziu esse bloqueio em Alice, Eugeo e os demais, não foi a Administrator e sim os humanos do mundo real que-… quero dizer… alguém de dentro do próprio RATH…

Meus pensamentos aceleraram enquanto comecei a cogitar uma imensidade de possibilidades, porém, logo fui interrompido por um grito de dor vindo de Alice.

“Aaah…!!! M-Meu olho direito está… está queimando…!!! P-Parecem… não… não parecem… são letras..!?”

“Não pense em mais nada! Esvazie sua mente! Agora!!”

A garota seguia gritando, quase convulsionando com seu rosto contorcido de dor enquanto eu a segurava para evitar uma queda do local onde estávamos.

Sword Art Online - Alicization - System Alert

Como não adiantava nada eu dizer para ela não pensar em nada, resolvi explicar o mais resumidamente possível pelo que estava passando. Que se continuasse a provocar aquele efeito, aconteceria algo terrível.

Infelizmente falar era muito fácil, pois praticamente ninguém é disciplinado o suficiente para deter seus pensamentos, por mais que lhe peçam.

Ao escutar minha voz, Alice fechou os olhos com força. Mas as palavras flutuantes em seu olho provavelmente continuavam lá.

As mãos de Alice levantaram torpemente no ar e se agarraram em meus ombros. Meus músculos dos braços gritaram de dor enquanto recebiam a pressão monstruosa daquelas mãos de aparência tão delicadas. Tão forte que acabei deixando escapar um grunhido, mas nada comparável a possível dor que a garota possivelmente estava sentindo.

Imaginando que aquilo pudesse ajudar a acalmar seus pensamentos, não me movi, apenas suportei a dor na esperança de que estivesse realmente contribuindo para sua recuperação.

Alice e vários outros Integrity Knight já haviam quebrado com algum tabu do Índice de Tabus. Justamente o motivo pelo qual foram levados até a Catedral Central e sendo transformados em cavaleiros através do Synthesis Ritual.

Porém, Alice, na ocasião em que quebrou a regra sagrada pisando no Dark Territory, não teve seu olho direito explodido para fora da órbita. Pelo menos Eugeo não mencionou nada do tipo.

De acordo com seu relato, a jovem Alice aparentemente apenas tinha tropeçado na fronteira dos territórios sem querer. Em outras palavras, não existia uma real intenção de cometer um tabu na mente da garota naquele momento.

Sendo que a barreira psicológica que está atacando ela agora, provavelmente se ativou porque ela intencionalmente quis violar uma ordem a qual foi incumbida de cumprir.

No instante em que ela se posicionou dessa forma, sustentando sua intenção, seu olho direito manifestou esse fenômeno, lhe causando essa dor excruciante, fazendo com que o alerta de sistema ficasse ativo e visível, procurando impedir que ela prossiga com suas intenções e por consequência, quebrar um tabu mais uma vez.

Um entrave como esse, que só pode ser creditado aos deuses pelos olhos dos habitantes de Underworld, nada mais é do que uma eficiente arma para impedir que as pessoas quebrem as leis, cimentando dessa forma uma obediência extrema.

Porém… se isso foi colocado pelo pessoal do RATH, acabam por criar uma enorme contradição.

Depois de tudo, o objetivo principal desse experimento que originou Underworld, era gerar Fluctlight Artificiais capazes de pensar por si próprios e com habilidades bélicas para serem usados pelos governos em suas manobras militares.

E criar uma barreira como essa, que inibe qualquer tipo de transgressão, em especial a propensão à violência, era um gigantesco tiro no próprio pé…

Sendo mais especifico, meu palpite é que quem introduziu esse mecanismo de alerta, tinha o propósito de colocar um obstáculo no experimento. E se estiver certo, quem é essa pessoa e porque ela fez isso?

Heathcliff… a consciência duplicada de Kayaba Akihiko me veio à mente, porém, descartei a ideia. Ele em seu desejo de criar um verdadeiro mundo alternativo, não iria jamais criar um obstáculo desses no progresso de origem dos Fluctlight Artificiais.

Para falar a verdade, esse tipo de artimanha nem era o estilo daquele homem. Suponho que a pessoa que fez essa sabotagem tem alguma ligação direta com o RATH.

Conseguia imaginar tranquilamente várias forças hostis que possam estar atuando para derrubar esse projeto, caso a pessoa que esteja o dirigindo seja o membro das Forças de Autodefesa, Kikuoka Seijirou.

Por exemplo, um grupo de oposição à própria força de defesa, uma grande empresa que visa o monopólio industrial de armamento nacional ou até mesmo, extrapolando a situação, algum fabricante de armas estrangeiro ou agências de inteligência não me surpreenderiam se estivesse por trás disso.

Porém, se essas influências gigantescas realmente estão criando obstáculos para o RATH, será que iriam fazer um plano tão complexo quanto esse?

Se possuíam autoridade suficiente para inserir um programa de sabotagem diretamente nos Fluctlight Artificiais, porque ao invés de fazer uma manobra tão arriscada, não foram logo e destruíram o Lightcube Cluster que é o verdadeiro corpo de Underworld?

Em outras palavras, alguém deliberadamente está atrasando a finalização do experimento.

Será que essa pessoa está esperando que algo aconteça durante a simulação? Ou…será que tem um plano que necessite um grande tempo de preparação, algo como…

Roubar os resultados dos testes, incluindo o próprio Lightcube Cluster…”

Fiquei apavorado ao chegar nessa conclusão… porém, a voz fraca de Alice me acordou novamente de meus pensamentos.

“…Isso… é terrível…”

Surpreendido outra vez, olhei para o rosto da mulher cavaleiro.

Suas sobrancelhas estavam apertadas entre si, com gotas de suor escorrendo pela sua face enquanto mordia os lábios com força, chegando a filtrar entre os dentes uma fina linha de sangue.

“…É terrível que… não somente minhas memórias, mas minha consciência também… está sendo manipulada… por outra pessoa…”

Agarrada aos meus ombros, as mão de Alice tremeram, mas dessa vez, provavelmente de raiva.

“Quem… gravou a fogo essas linhas sagradas em meu olho… foi também a … Administrator?”

“Não… creio que não foi ela.”

Inconscientemente neguei com a cabeça.

“É uma existência que criou esse mundo e que o observa do… exterior… um entre os ‘deuses’ que não estava presente no ato da criação.”

“…Deus…”

Grandes gotas fluíram dos olhos de Alice sem fazer ruído.

“Então, os deuses não confiam em nós… mesmo depois de passarmos incontáveis dias lutando sem parar para proteger esse mundo que eles criaram. Levando embora as recordações de minha família, em especial minha querida irmãzinha e realizando um selo como esse… me obrigando a uma obediência cega…”

Não podia supor a grande comoção, confusão e desespero que estava acontecendo dentro de Alice, que viveu acreditando ser um cavaleiro dos deuses. Não tinha a menor ideia de como essa aparente frágil garota estava se sentindo.

As grande pálpebras de Alice de repente se abriram, fixando intensamente o olhar em mim sem dizer uma palavra.

O alerta flutuante refletido em sua íris azul do seu olho direito seguia brilhando intensamente. Porém, Alice aparentemente não mais se incomodava com ele, apenas mudou a direção do olhar para os céus, para a lua branca azulada por entre as nuvens negras e gritou:

“Eu já não sou mais sua marionete!!!”

A antes voz rouca, deu lugar a um brado imponente.

“Posso até ser uma existência criada pelas mãos de alguém, mas tenho minha própria consciência também! Quero proteger esse mundo… Quero proteger as muitas pessoas que aqui vivem. Quero proteger a minha irmã e minha família.

A partir de agora, essa será a minha única missão a qual me dedicarei!”

O esplendor vermelho do texto em seu olho direito aumentou de intensidade, mudando para um tom metálico. O código de barras circundante ao exterior da íris também começou a se alterar, girando rapidamente.

“Alice…!!”

Antevendo o que aconteceria em instante, gritei. E sem voltar seu olhar para mim, Alice pediu com a voz falhando.

“K-Kirito… me abrace forte, por favor!”

“…Sim!”

Não podia fazer outra coisa a não ser concordar. Tirando as mãos de seus ombros, envolvi seu corpo que tremia fortemente embaixo daquela capa metálica dourada.

Alice inflou seu peito, respirando fundo, colocou seus longos cabelos dourados para o lado, e com orgulho olhou mais uma vez para os céus e gritou:

“A Alto Ministro, Administrator… e a todos os deuses sem nome! Para alcançar meus objetivos… lutarei contra vocês!!”

A proclamação ecoou fortemente em todas as direções.

No exato momento em que terminou sua sentença, um raio de um vermelho sangue, uma luz rubra deixou o olho direito de Alice.

Uma pequena explosão.

 

 

– CHAPOLIN, PORQUE VOCÊ ESTÁ DESAMARRANDO A CORDA DE OLHOS FECHADOS?

– PORQUE DERAM UM NÓ CEGO! (TUM DUM TSS!)

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10 comentários sobre “Sword Art Online Alicization Dividing em Português – Underworld – Capítulo 11 – Parte 1.2

    • Acho que foi mais para não desabar do esquema onde estavam e também para poder olhar para cima e “responder” para a Administrator e todos os deuses.
      Mas é claro, o senhor Reki gosta de colocar o Kirito nessas situações dúbias.

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