Sword Art Online Alicization Dividing em Português – Underworld – Capítulo 11 – Parte 2.2

Capítulo 11

Parte 2

Sword Art Online Alicization - Administrator e Eugeo - vol.13

Venha para mim, Eugeo!

“Aah..!!”

Eugeo deixou escapar um pequeno grito sem dar-se conta.

Os olhos abertos eram iguais à prata pura, algo totalmente diferente de qualquer ser humano que vira até hoje.

Suas íris refletiam sutilmente todas as setes cores de um prisma, vacilantes como se estivessem na superfície da água. Um resplendor divino que fazia as mais raras joias desse mundo parecer apenas rochas grosseiras.

Diante de um estupefato Eugeo, ainda de joelhos sobre a cama, a belíssima mulher se movia quase sobrenaturalmente. Levantou seu tronco elevada por uma força invisível, com seus dois braços ainda sobre o peito enquanto seu longo cabelo se dispersava no ar, como se carregado por um vento inexistente, se espalhando por toda extensão de suas costas.

Seu semblante era uma mistura quase indecifrável. Mulher ou menina, vezes parecendo mais jovem e hora mais madura, uma beleza inocente, sexy… perigosa.

Levantou sua mão direita até a boca, casualmente e sem pressa alguma, como se a presença de Eugeo não fosse de forma alguma incômoda e bocejou.

Suas pernas estendidas se curvaram, recolhendo-se para a direita ao mesmo tempo em que se espreguiçava. Seu corpo esbelto estremeceu por alguns instantes enquanto esfregava suavemente a mão esquerda no rosto, forçando a si mesma a acordar.

Por fim, olhou um pouco para a esquerda, focando diretamente Eugeo, que ainda estava paralisado sem ação alguma.

Seus olhos inumanos, sem pupilas e totalmente prateados com um resplendor de arco-íris a deixavam ainda mais enigmática, impossível de se ler seu coração.

Mas acima de tudo, aqueles conjuntos de órbitas eram insuportavelmente belos, refletindo toda a luminosidade como um espelho.

Ao contemplar sua expressão atônita projetada nesses dois pequenos espelhos, seus brilhantes lábios perolados fizeram um rápido movimento.

A voz, doce como mel e pura como cristal, com um toque de sedução, ecoou.

“Que rapazinho lamentável.”

Levou algum tempo antes de conseguir processar o que havia sido dito. E mesmo sem conseguir acelerar seus pensamentos, Eugeo respondeu aturdido.

“Hã… lamentável…!?”

“Sim, muito lamentável!”

Com um tom de voz tão sedutor quanto perigoso, mesclando um frescor juvenil de uma pureza arrebatadora, suas palavras foram preenchendo o ambiente a sua volta.

Seus lábios mostraram um leve sorriso enquanto a melodiosa voz fluía.

“Você é como uma raríssima flor do deserto. Não importa o quão profundo adentrar no solo estéril, jamais conseguirá contato com uma gota de água sequer, porém, mesmo sabendo disso, prossegue sua insensata busca.”

“…Uma flor… do deserto, eu não compr-…”

Eugeo franziu o rosto, tentando compreender o significado daquelas palavras misteriosas. Sua mente, todavia, estava envolta em névoa, porém os olhos da mulher penetraram fundo em seu coração, gerando uma pontada de dor.

“Sim, você compreende. É exatamente quando se tem sede ou fome, instintivamente você tenta saciá-las, correto?”

“Hein…? Saciar com o quê!?”

Sua boca se moveu automaticamente, questionando-a com a voz rouca e a garganta ressecada.

A jovem permaneceu fitando Eugeo com seus olhos reflexivos e respondeu sorrindo.

“Com amor.”

Amor ela disse?

Como ela pode estar dizer isso?… Estaria insinuando que… não sei o que é amor…?

“De fato. Você é uma criatura lamentavelmente miserável, que nunca teve a experiência de ter sido amado.”

Isso não podia ser verdade, pensou desesperado.

Minha mãe… me ama. Cada vez que tinha um pesadelo e não podia dormir… ela sempre me abraçou e cantava canções para que me acalmasse e ainda-…

“Você deve estar pensando em sua mãe, não é? Mas aquilo que chama de amor era realmente somente seu? Não era apenas uma parte ínfima de um sentimento que compartilhado com todos seus outros irmãos?”

“Você está errada! Minha mãe… sempre me amou, amou somente a mim…”

“Engana-se. Você apenas quer acreditar que ela amava somente você, mas… isso nunca foi verdade. Tanto que é por isso que sempre os odiou…

Sempre odiou as pessoas que roubaram o amor que deveria ser somente seu, o primogênito. Odiou seu pai e demais irmãos.”

“Do que está falando? Eu.. eu… eu não odeio meu pai e nem meus irmãos.”

“Vai mesmo continuar com isso? Mesmo depois de ter tentado assassinar aquela pessoa?”

…!

“De quem voc-…?”

“Pela primeira vez, você foi objeto do amor de alguém, daquela menina de cabelos vermelhos…

E você cortou impiedosamente o homem que tentava roubar a força sua virgindade e pureza. Fez aquilo, pois o odiava do fundo de sua alma, por tentar roubar algo que era exclusivamente seu.”

“Não!… Não foi por isso que empunhei minha espada contra Wanbell.”

“Você sentia sede, tinha que aplacá-la. Pois sabia que nunca foi amado, que todos indubitavelmente acabam lhe esquecendo, o deixando de lado. Deixando algo desnecessário…”

“Não… não! Não foi assim e e-eu… não fui deixado de lado…

A menina está bem agora, não temos algo assim e também… acima de tudo, tenho Alice e…”

No momento em que falou aquele nome, a névoa viscosa que envolvia sua consciência foi dispersa, limpando um pouco a mente de Eugeo.

Não poderia se deixar ser arrastado por aquele fluxo. Tinha que se mexer e tinha que ser agora, era o que sussurrava seu recém-desperto sentido de perigo.

Porém, antes que pudesse realmente fazer algum movimento, a voz sedutora deslizou-se novamente em sua mente, o colocando sob seu poder outra vez.

“Me pergunto se isso é mesmo verdade…? Que essa garota realmente ama ou amou somente você…?”

A reverberação provocada por essa frase foi acompanhada por um leve sorriso com o ar de compaixão e pena.

“Pelo visto, você esqueceu. Não se preocupe, vou lhe ajudar a lembrar de suas recordações perdidas. Suas verdadeiras recordações, as que estão enterradas no fundo de seu coração.”

A visão de Eugeo ficou turva imediatamente.

A gigantesca e luxuosa cama com adornos de seda pura se desvaneceu diante de si, o fazendo cair em um buraco negro sem fim.

O ar fresco da relva invadiu seu nariz de repente.

A luz verde filtrada por entre as árvores brilhava em sua vista, enquanto o canto dos pássaros e o som de seus próprios passos ecoavam nos ouvidos.

Eugeo se deu conta de que seguia caminhando dentro de uma floresta.

Sua linha de visão era bem baixa e seus passos eram muito pequenos. Suas pernas mal saíam de suas calças curtas de fibra, traje característico das crianças.

Percebeu que sua constituição era muito magra e frágil. Mas a sensação desconfortável de inquietude de seu peito sumiu de imediato, com a irritação e solidão entrando em seu lugar.

Por alguma razão não tinha visto Alice desde que o dia amanhecera.

Ao terminar seu trabalho da manhã, atendendo as vacas e cuidando da plantação, Eugeo correu o máximo que pode ao ponto onde normalmente a encontrava, debaixo de uma velha árvore nos arredores da aldeia. Porém, Alice não apareceu, mesmo tendo esperado um bocado de tempo. E nem o outro garoto, aquele de cabelos negros.

Depois de ficar aguardando a dupla de amigos até o sol se por a pino no céu, Eugeo se dirigiu até a casa de Alice enquanto sentia uma emoção indescritível invadindo seu ser.

Pensou que ela pudesse ter ficado de castigo por ter feito algo e por isso não pode sair. Mas ao cumprimentar sua mãe, esta havia dito que não tinha acontecido nada enquanto inclinava a cabeça em confusão.

Contou que logo ao amanhecer, o outro menino, o rapazinho chamado Kirito tinha vindo buscá-la, por isso estava tranquila, achando que Eugeo estivesse junto deles.

Mal conseguindo proferir um agradecimento antes de deixar a residência do chefe da vila, Eugeo sentia uma crescente inquietude e impaciência enquanto varria Rulid atrás dos dois.

Porém, ao cruzar a praça central, ocupada pelo filho do chefe da guarda e seus amigos delinquentes, deduziu que provavelmente os dois não estariam ali, perto daqueles encrenqueiros.

Apenas outro lugar lhe vinha à mente. Um jardim circular coberto por ervas, trepadeiras, flores e vinhas que haviam encontrado por acaso recentemente enquanto se embrenhavam dentro da floresta para ficarem longe dos demais garotos da vila.

Era um lugar secreto para os três, que o batizaram de ‘O jardim das fadas’. Nem mesmo os adultos sabiam de sua localização. Era de fato um lugar lindo, cheio de várias flores e pequenas frutas muito doce.

Eugeo, com sua urgência crescente correu até ali com lágrimas brotando e rolando pelo seu diminuto rosto. Seu corpo se impulsionava a cada passada, sendo alimentado pela solidão e dúvidas e outra emoção a qual não conseguia nomear.

Depois de cruzar diversas trilhas e tomar um curto caminho recém-aberto por eles, enfim chegara à terra secreta, escondida por diversas outras árvores maiores com grossos troncos, com uma luz dourada deslumbrante oscilando por entre as folhas.

Os pés de Eugeo se detiveram em sua entrada.

Esse sem dúvida era o lugar certo, onde a luz de Solus refletia um brilho similar aos lindos cabelos dourados de Alice. Instintivamente silenciou sua respiração ofegante e aguçou os sentidos, até que seus ouvidos captaram algo…

Fragmentos de sussurros, que se alternavam em intervalos variados. Uma conversação que era levada pelo vento calmo.

Por que…? Por que..!??

Repetia essas palavras incessantemente em sua mente.

Então, Eugeo caminhou lenta e cuidadosamente em direção ao centro. Sua tristeza aumentava a cada centímetro, metro percorrido, até que se posicionou atrás de um tronco de árvore próximo, cheio de musgo, escondido dos brilhantes raios de sol.

Alice estava sentada no centro do jardim, no local onde cresciam uma grande quantidade de flores multicoloridas de costas para ele. Não podia ver seu rosto, mas não tinha como se enganar, pois ninguém tinha cabelos como aqueles. Vestia seu habitual vestido azul com seu avental sempre branco.

Ao seu lado, estava um garoto com a cabeça coberta de raros cabelos negros desgrenhados. Seu único e melhor amigo, Kirito.

Suas mãos estavam muito úmidas de suor frio enquanto permanecia estático. O vento trazia até seus ouvidos as palavras de Kirito.

“Acho… que é melhor voltar antes que alguém sinta nossa falta.”

Alice respondeu.

“Você está certo, mas quero ficar só um pouco mais… pode ser?”

Não!! Não quero ouvir mais…!

Mas as pernas de Eugeo se negavam a se mover, como se as raízes da árvore a qual se escondia atrás, o tivesse prendido.

Angustiado e sem opções, viu o rosto de Alice se aproximando suavemente de Kirito.

Ninguém dizia nada, era como se o mundo tivesse parado seu avanço, somente um sussurro muito baixo, inaudível para Eugeo.

A dupla agachada em meio às flores, sob a luz de Solus… parecia uma pintura.

Não!!!

Mentira!!! Isso tudo é mentira!!!”

Eugeo girou na escuridão. Porém, não importava o quanto tentava negar, a convicção de que aquela cena tinha sido retirada de suas próprias recordações brotava e explodia para fora como um gêiser de água extremamente gelada.

“Não é mentira, você viu com seus próprios olhos, não é?”

Hrmnn…!

Um sussurro seguido de uma risadinha borrou toda a cena da floresta.

Voltando para a cama gigante da habitação da Alto Ministro, no último andar da Catedral Central, Eugeu permanecia com a visão daquele resplendor dourado gravado em suas pálpebras enquanto mantinha os olhos fechados.

Alice e Kirito juntinhos, sussurrando e rindo, trocando segredos… ecoando em seus ouvidos.

A voz da razão, que o alertava dizendo que tinha conhecido Kirito na floresta de Rulid apenas dois anos atrás, muito tempo depois que Alice tinha sido presa pela Igreja Axiom, não era forte o suficiente para acalmar as emoções escuras que saíam de seu ser.

A mulher com o cabelo prateado a frente de Eugeo observava-o com um semblante cheio de compaixão quando o garoto finalmente abriu os olhos cheio de lágrimas.

“Agora você entende?….Assim como o amor materno não pertencia a você, esse também não era destinado para ti. Provavelmente, nesse caso você sequer tinha algum lugar ali, compreende o que quero dizer?”

A voz doce e elegante foi envolvendo Eugeo, violentamente agitando seus pensamentos, revirando cada um de seus sentimentos, esmagando-os.

A fome e desolação sem limites preencheram tudo, criando um abismo de nada. A sensação de buracos e rachadura em todo seu coração se tornava mais e mais dolorosa, dilacerando tudo ao redor.

“Mas eu sou diferente, Eugeo…”

Usou a voz mais sedutora do que tudo que havia dito até aquele momento, com uma fragrância doce da fruta mais saborosa que alguém pudesse imaginar.

“Te amarei. Te darei todo meu amor, somente para você.”

A visão de Eugeo se modificou, focando somente a Administrator, a Alto Ministro da Igreja Axiom, com seus cabelos prateados e olhos brilhantes, com um sorriso cativante emanando uma aura aconchegante.

Movendo suas pernas que aparentavam terem se fundido com a suave colcha de seda, a belíssima deusa, endireitou a parte superior de seu corpo.

Pouco a pouco com suas mãos, ela começou a puxar uma faixa de sua finíssima camisola que ficava ao redor de seu corpo, a qual sustentava seus volumosos seios, os deixando soltos sobre a roupa semiaberta.

Seus dedos ágeis agarraram as duas extremidades da faixa feita também de um material prata e a soltou de si lentamente, com suavidade.

Com seu decote enfim aberto, expondo em sua totalidade a macia e elegante pele branca, a mulher olhou com paixão para o garoto.

“Agora… venha, Eugeo!”

Esse sussurro parecia tanto com a voz que sua mãe tinha dentro do sonho de agora a pouco, assim como a voz que Alice tinha em sua visão… uma ilusão de fato poderosa.

Com sua consciência impedida de raciocinar, Eugeo ficou admirando aquela cena como o mais incrível e belo quadro, semi-coberto com um fundo púrpura, rodeado de pétalas de flores em sua cintura fina e elegante.

Ela era a própria visão de uma flor, uma flor diabólica. Do tipo que atrai e captura insetos e pequenos pássaros com seu incrível aroma e delicioso néctar.

Mesmo que uma ínfima parte de Eugeo soubesse disso, o encanto dessa flor era muito poderoso. Ele já havia tingido seu coração de branco com suas pétalas. Tudo aquilo era demais para os pensamentos de Eugeo. Estava aos pedaços, destroçado com a ilusão de antes, afogado em um líquido viscoso e incapacitante.

Essa mulher havia dito que ele jamais tinha sido amado antes e talvez fosse por esse motivo que não sabia se realmente estava satisfeito com o que estava tendo.

A Administrator assim decidiu e Eugeo já havia começado a gradualmente reconhecer que aquilo era definitivamente um fato irrefutável.

Embora pudesse facilmente dizer que amava seus pais, irmãos e os amigos de infância. Que gostava do modo como sua mãe sorria quando ele lhe trazia flores, como seu pai e irmãos comiam com entusiasmo os peixes que tinha pescado e até mesmo quando entregava as ervas medicinais que nasciam na floresta, onde trabalhava, para Jink da guarda da cidade curar seus resfriados, mesmo este sempre o tratando de maneira desagradável, gostava de ajudar.

Porém…, o que eles faziam em troca? De que forma exatamente eles retribuíam todo o amor que recebiam?

O garoto não se lembrava de nada, de nenhuma ocasião em que essa troca fosse recíproca.

Mas ali estava ela, a Administrator, sorrindo amavelmente.

Ela se inclinou para frente mais uma vez e outra cena entrou em sua visão.

Foi agora para o ano em que completou dez anos, na primavera… no dia em que havia sido nomeado para sua tarefa sagrada. Com ele estavam diversas outras crianças junto ao chefe da vila na praça central de Rulid.

A tarefa de lenhador do Giga Cedro lhe foi conferida por Gasupht, algo que superava em muito suas expectativas. Ficou apreensivo enquanto descia da plataforma que havia sido montada na praça da vila para o evento.

Mas ainda assim, houve certa comoção, um aplauso aqui e ali por entre as crianças.

Ser lenhador da árvore titânica era uma tarefa muito honrada e tradicional, sendo transmitida durante a várias gerações de Rulid. Um serviço muito importante, que assim como ser um orgulhoso membro da guarda, que carregaria uma espada, esse portaria um machado real.

De fato, Eugeo não tinha desgostado de receber tal tarefa, apenas que… não estava esperando tal coisa para si.

Então, segurando com força o pergaminho enrolado por uma fita vermelha, a prova de sua nomeação, o garoto correu de volta à sua casa, cruzando rapidamente a pequena vila para anunciar com orgulho qual tinha sido sua tarefa para sua família.

Ao chegar lá…

Depois de um breve silêncio, a primeira reação acabou vinda do mais jovem de seus irmãos. Que franziu o rosto e comentou que achava que iria se livrar da maldita limpeza dos estrumes das vacas, que pensou que seu irmão mais velho iria assumir dali por diante, assumindo a tarefa sagrada de agricultor.

Logo após isso, o irmão mais velho desse último se virou e disse para o pai que sem a ajuda de Eugeo, a plantação ficaria prejudicada para o próximo ano. Ao que o pai perguntou meio em tom de ordem para Eugeo se manter ajudando na lavoura após terminar seu serviço.

E como que estivesse se escondendo das críticas dos demais, sua mãe apenas desapareceu para dentro da cozinha sem dizer uma palavra, selando de vez a rejeição a sua pessoa e função.

Durante os oito anos que se seguiram, Eugeo ficou constantemente com o sentimento de vergonha. E mesmo que seu considerável salário como lenhador fosse controlado por seu pai, o sentimento ruim não desaparecia, ao passo que sem que notasse, crescia o número de cabras, vacas e maquinário agrícola.

E ao entrar como aprendiz na guarda, Jink gastava tudo que ganhava consigo mesmo, levando gordos e suculentos almoços, exibindo sempre que possível suas botas ou espadas novas em bainhas brilhantes, jamais se deteve para auxiliar Eugeo em nada, nem mesmo quando esse passava pelo garoto, com seus sapatos gastos, sem a sola, almoçando nada mais do que um pão duro e água. E além de sequer se compadecer da pessoa que sempre o ajudava ainda a humilhava.

“Entende agora? Nenhumas dessas pessoas as quais devotou seu amor e compaixão fizeram qualquer coisa para você. Muito pelo contrário, pisotearam seu coração, o humilharam e riram de ti pelas costas enquanto o exploravam ao limite. Me interrompa se estiver errada, mas não estou, não é?”

“…Não… não está errada…”

Jink havia dito isso para Eugeo mais ou menos dois anos depois que Alice havia sido levada de Rulid, quando completara quase doze anos.

Que não havia mais ninguém ao lado dele agora, que as outras meninas não se aproximariam dele jamais e que a garota, filha do chefe, não mais voltaria.

Os olhos do garoto se estreitaram e disse que tinha sido bem feito, que Eugeo já tinha obtido toda a atenção da garota mais linda da vila, um gênio das artes sagradas e uma grande espadachim e posto tudo a perder. Que toda sua cota de alegria fora esgotada e não havia sobrado mais nada e que sua própria existência agora era algo insignificante.

De fato, após os eventos ocorridos, ninguém mais em Rulid tentou se relacionar com Eugeo. Mesmo ele tendo uma tarefa importante, contribuindo com tudo o que tinha, nenhum sentimento chegava até ele. As pessoas haviam abandonado Alice nas mãos de um Integrity Knight e abandonado um bom garoto ao esquecimento, roubando parte de sua alma sem um motivo em particular.

“E então? Que tal devolver esse desespero e frustração? Lá no fundo é isso que você deseja, não é? Se fizer isso, se sentirá tão bem…

Imagine a cena, você se convertendo em um Integrity Knight e fazendo um regresso triunfal à sua terra natal, descendo dos céus em um dragão voador prateado.

Você poderia fazer todos se ajoelharem aos seus pés e varreria o chão com eles, os submetendo sob suas botas brilhantes. Com isso, poderá finalmente recuperar tudo que lhe foi roubado… e não será tudo…”

A bela jovem de cabelos prateados, lentamente deslizou seus braços que estavam apoiados em seu peito e os elevou-os para frente, como se flutuassem sem peso algum no ar.

A Alto Ministro alcançou Eugeo e sussurrou com um sorriso maravilhoso nos lábios carnudos cheios.

“…Você pode finalmente desfrutar de todo amor que merece. Ser amado por alguém, verdadeiramente pela primeira vez. Uma experiência real, a síntese de todas as satisfações, da cabeça aos pés.

Sou diferente dos que arrancaram tudo de você, dos que lhe abandonaram. E só o que peço em troca é… que me ame de volta acima de tudo.

Deixarei você experimentar um prazer incomparável, muito além do que consegue imaginar agora, algo que só pode acontecer com o mais profundo amor verdadeiro.”

E mesmo quando a última gota de capacidade de raciocínio de Eugeo estava prestes a ser drenada pela diabólica flor, ainda assim, um fragmento de razão que permanecia incrustado no fundo de seu coração, ofereceu uma resistência silenciosa.

“…E o que é exatamente… o amor?”

“É algo muito maior do que se pode contar… tão bom quanto dinheiro, só que com sentimentos…”

Não!! Não é, senhor Eugeo!!!

Seu campo de visão se voltou para o lado de onde a voz surgiu.

O que seus olhos captaram foi uma garota ruiva vestida com um uniforme cinza, estendendo a mão desesperadamente em meio à escuridão crescente.

Entretanto, antes que a mão de Eugeo pudesse se mover até ela, pesadas cortinas totalmente negras encobriram a menina, a engolindo, desaparecendo sem deixar rastros, sobrando apenas o eco de suas súplicas regadas às lágrimas cristalinas oriundas de seus grandes olhos.

E nessa hora, outra voz surgiu na direção oposta.

“Não dê ouvidos Eugeo. O amor definitivamente não é algo que se possa emprestar, devolver ou mensurar.”

Ao olhar, viu um pequeno espaço coberto de vegetação, parcialmente envolto em escuridão e em pé, no centro dele, uma menina de cabelos dourados com um vestido azul. Seus olhos azuis deslumbrantes brilhavam como se fosse a luz salvadora que um ser perdido nas profundezas da terra enxergaria ao procurar redenção e liberdade, despertando as pesadas e cansadas pernas de Eugeo, impelindo-as a irem em sua direção.

Porém, as mesmas cortinas negras caíram sobre a garota e outra vez o cenário mergulhou em total escuridão.

Eugeo estava perdido, sem uma luz que pudesse o guiar, então, acabou ficando agachado no mesmo lugar.

Sede…

…A sede de que lhe falaram estava voltando com todas as forças, não conseguiria aguentar por mais tempo. Recordou da contínua e injusta opressão que sofreu durante toda sua vida, da exploração descarada e roubo de suas oportunidades desde sua infância, sua angústia e desgosto o afogando, chegando salgado em sua ressecada garganta.

Por fim, Eugeo começou a se arrastar para qualquer lado com a cabeça abaixada, encostada em seu peito. Continuou assim até encontrar um fluxo brilhante em sua frente, como néctar derramado, espelhado no chão com uma fragrância incrível, adocicando o ar a sua volta.

Havia encontrado o seu lugar.

Empurrando e passando através das camadas de tecido e por fim alcançando a grande colcha de seda, seus dedos finalmente entraram em contato com a pele macia e fresca daquela pessoa. Quando ergueu a cabeça, visualizou a garota, jovem, mulher, deusa… com seus cabelos prateados esvoaçantes, com aqueles magníficos olhos, mostrando um sorriso transcendental enquanto segurava as mãos de Eugeo.

Deixou-se ser levado adiante sem resistência.

O corpo nu da deusa recebeu Eugeo em seu meio, o envolvendo com uma suavidade hipnotizante.

Uma voz sussurrou ao seu ouvido, com uma respiração sedutoramente doce.

“Você me deseja? Você me quer Eugeo? Quer esquecer toda sua dor e desfrutar de tudo que tenho a lhe oferecer? É isso, não é?

Entretanto… primeiro você terá que me dar a prova de seu amor incondicional. Confie somente em mim, se doe totalmente, com todas suas forças…

Se compreende, então repita agora essa singela arte sagrada comigo, meu querido Eugeo…! Diga a primeira frase padrão de ativação…”

Nesse momento, toda a consciência do garoto estava em brumas, envolta pelas perfumadas e macias camadas de tecidos.

Dessa forma, sua boca se moveu quase que mecanicamente, com uma voz cansada, rouca…

System… call…”

Sword Art Online - Alicization - Dividing - Administrator e Eugeo

“Siim.. isso mesmo… agora diga: remove core protection

A voz da Administrator tremeu ligeiramente, demonstrando um pouco de emoção pela primeira vez.

Eugeo entoou a primeira palavra da arte desconhecida em forma de sussurro.

“…Remove…”

Entregava nesse momento seu corpo àquela entidade, abrindo acesso para toda sua existência que se sentia agora mais leve e tão fina e frágil que poderia se rasgar ao menor toque.

A fome e sede que tinha estado lhe atormentando até então, se desvaneceram completamente, se afundando em uma espécie de néctar deliciosamente doce. Ao mesmo tempo, uma emoção muito preciosa que sempre esteve morando no fundo de seu coração, sofreu um impacto, perdeu sua forma e desapareceu.

Isso é o que eu realmente quero…?

A pergunta automática surgiu em seu peito, quase inaudível, incandescendo uma fagulha insignificante de consciência, porém, a palavra seguinte que foi expulsa de sua boca agiu implacavelmente sobre ela, destruindo completamente a possibilidade de encontrar uma resposta para esse último questionamento.

“… Core…”

…!

Não quero mais essa tristeza, essa pena… nada disso… estou… cansado.”

O garoto seguiu pensando.

Não existia um amor destinado para ele nesse mundo… mesmo em se tratando de Alice. Caso ela consiga recuperar suas memórias, provavelmente não teria olhos para ele, não é?

No pior das ocasiões, ela poderia até ficar com medo dele e odiá-lo por romper com o Índice de Tabus quando cortou Wanbell e ergueu sua espada contra os sagrados cavaleiros da Igreja Axiom…

Sim, então se as coisas chegaram nesse ponto, era melhor mesmo terminar tudo por aqui.

Eugeo lentamente compreendeu que sua viagem até a torre nesses dois anos, chegaria ao seu derradeiro fim no momento em que falasse a terceira palavra. Entretanto, poderia enfim esquecer-se de seu doloroso passado, podendo submergir em todo amor que essa mulher, essa deusa de cabelos prateados lhe oferecia.

Sem dúvida era a melhor opção, sua única opção…

“Sim… agora, venha para mim, Eugeo, venha, serei sua!”

Um sussurro cheio de uma doçura incomparável, dito ao pé de seu ouvido.

“Seja bem-vindo, ao meu êxtase eterno…!”

Uma única gota de lágrima escorria pelo rosto de Eugeo enquanto dizia a palavra final…

“…Protection!

 

EUGEOZIN TOMANDO UM CHAZIM…

EUGEO QUERENDO UPAR UMAS SKILLS AÍ #sqn.

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Músiquinha de dominação

10 comentários sobre “Sword Art Online Alicization Dividing em Português – Underworld – Capítulo 11 – Parte 2.2

  1. JOSE VINICIUS BASTOS PEREIRA disse:

    não eugeo nao eugeo nao velho … vc caiu no truke amis velho da humanidade man naooooooooooo ……nao faça o mesmo que fiz maldito ……… (minha reção ao ver a primeira foto no site : NOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO)…..

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